Na terceira "Análise da Situação de Saúde Pública", desde o início da guerra entre o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), em 15 de abril de 2023, a OMS mantém o nível de emergência do país em 3, o mais alto da classificação da agência, o mesmo que tinha atribuído no seu relatório anterior, em setembro de 2024.

Segundo a OMS, o conflito no Sudão provocou "a maior crise de deslocação do mundo" e estima que, até março de 2025, cerca de 12,8 milhões de pessoas serão deslocadas à força no país africano.

Dos sudaneses que foram forçados a fugir das suas casas, mais de 8,8 milhões são deslocados internos e mais de 3,7 milhões fugiram para países vizinhos.

Além disso, a organização alerta para a "rápida deterioração" da segurança alimentar no país.

O relatório refere que metade da população sudanesa (24,6 milhões de pessoas) sofre de elevados níveis de "insegurança alimentar aguda".

Estima-se que 4,9 milhões de crianças com menos de cinco anos, mulheres grávidas e lactantes sofreram de desnutrição aguda no Sudão no ano passado, um aumento de 22% em relação a 2023.

"Isso marca uma escalada sem precedentes da crise alimentar e nutricional causada pelo devastador conflito, que desencadeou deslocamentos em massa sem precedentes, o colapso da economia, o colapso dos serviços sociais essenciais, graves perturbações sociais e acesso humanitário limitado", disse a OMS.

Outro fator que agrava a crise humanitária no Sudão, segundo a agência da ONU, é o aumento das doenças, com surtos de cólera, dengue, malária, sarampo, difteria e poliomielite ativos em vários estados do país.

A OMS denuncia também ataques a trabalhadores e anunciou que, de acordo com o seu sistema de vigilância de ataques a cuidados de saúde, foram registados 149 entre 15 de abril de 2023 e 19 de fevereiro de 2025, resultando em 317 mortos e 273 feridos.

Além disso, muitas instalações de saúde foram destruídas, saqueadas ou estão a funcionar com "grave escassez de trabalhadores, medicamentos, vacinas, equipamentos e suprimentos", detalha o relatório.

Iniciado em 15 de abril de 2023, o conflito no Sudão, que já causou dezenas de milhares de mortos, divide atualmente o país: uma zona ocidental é dominada pelas RSF no Darfur e no Cordofão, enquanto o exército governamental tem vindo a aumentar o seu controlo sobre a capital, Cartum, e áreas circundantes, o vale do Nilo e o porto mais importante do país, Port Sudan.

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