"A população não pode ter medo de nós, o cidadão não pode ter medo de nós. Como eu disse, no princípio o cidadão deve ser o ponto de partida e de chegada das nossas atividades, deve estar lá no centro", disse Paulo Chachine em declarações à corporação no Ministério do Interior, em Maputo, na sua primeira intervenção pública, após ter sido empossado nas funções, sábado, pelo novo Presidente de Moçambique, Daniel Chapo.
O novo ministro quer que as ações da corporação estejam alinhadas com as aspirações das comunidades, pedindo que as instituições policiais sejam locais de "acolhimento e resolução de problemas" e que promovam uma relação harmoniosa e "pautada pela transparência".
Chachine defendeu ainda o reforço das sessões de encontros entre a comunidade e a polícia para que se reduza a distância entre as partes, referindo que as autoridades precisam da população.
"É nosso dever e missão restaurar a confiança do povo, da população, do cidadão (...). Ele deve estar no centro das nossas atividades, não nos podemos distanciar deles porque é deles que nós precisamos para o cumprimento eficaz e eficiente da nossa missão", referiu o governante.
Na terça-feira, o ex-candidato presidencial moçambicano Venâncio Mondlane apelou para que o povo se constitua num "tribunal autónomo" e emita "sentenças" contra os órgãos de polícia, alegando a "onda macabra" de "execuções sumárias" sem intervenção das autoridades.
A posição surge num documento, que intitula de "decreto", com 30 medidas para os próximos 100 dias, sendo que, numa delas, Venâncio Mondlane afirma que "cabe ao povo, às vítimas, instituir-se como tribunal autónomo que emite sentenças para travar a onda macabra da UIR, GOE e Sernic", referindo-se a unidades da Polícia da República de Moçambique que acusa de "incessante fulgor de execuções sumárias", na sequência das manifestações pós-eleitorais, que já provocaram mais de 300 mortos e acima de 600 baleados, desde 21 de outubro.
LN (PVJ) // JMC
Lusa/Fim