
"Apesar dos nossos repetidos apelos, o acesso humanitário a Al-Fashir e às áreas vizinhas continua perigosamente restrito. O acesso imediato e sustentado a estas áreas é essencial para que as Nações Unidas e as ONG garantam a entrega segura e em larga escala de ajuda vital", pediu o OCHA, em comunicado, citado pela EFE.
Aquele gabinete da ONU alertou para os "desafios operacionais críticos e crescentes" que a comunidade humanitária no Sudão está a enfrentar, face à deslocação forçada em grande escala de civis que estão "cada vez mais isolados dos serviços básicos e de assistência".
A agência fez este apelo numa altura de nova violência entre o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF), em Al-Fashir, o último bastião das forças sudanesas na vasta região do Darfur, que está sob cerco de rebeldes desde maio de 2024.
Esta cidade alberga também dois dos maiores campos de deslocados do país - Zamzam e Abu Shouk - onde foi reportado um "deslocamento em massa" de civis nos últimos dias.
Estes movimentos "empurraram entre 400.000 e 450.000 pessoas em direção a Tawila, às áreas em redor de Jebel Marra e outros locais", disse o OCHA, denunciando que a deslocação é alimentada "pelas hostilidades em curso e pelos receios de uma ofensiva mais ampla contra Al-Fashir".
"A situação é agravada pelos níveis crescentes de insegurança alimentar, uma vez que as populações deslocadas estão cada vez mais isoladas das cadeias de abastecimento e de assistência, o que as coloca em maior risco de surtos de doenças, subnutrição e fome", acrescentou a agência da ONU.
Tudo isto "interrompeu seriamente" as operações humanitárias existentes, e os vários intervenientes não conseguem "responder adequadamente".
O OCHA assinalou ainda que o sistema humanitário está "atualmente sobrecarregado" e, por isso, fez um apelo "urgente" às doações de dinheiro, essenciais para apoiar os socorristas, mobilizar mantimentos vitais e sustentar as operações de resposta a emergências.
"A escala e a gravidade das violações relatadas, incluindo ataques diretos contra deslocados internos e pessoal humanitário, são inaceitáveis. Os civis nunca devem ser alvos. A deslocação forçada nunca deve ser uma pré-condição para o acesso a ajuda vital", realçou o OCHA.
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