O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Zhiyuan, disse a Lecaro Bárcenas, na sexta-feira, que Pequim "lamenta profundamente" a decisão da nação centro-americana, de acordo com uma declaração divulgada no portal do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
No âmbito da Iniciativa Faixa e Rota, observou o responsável, "a cooperação prática entre a China e o Panamá em vários domínios desenvolveu-se rapidamente, alcançou uma série de resultados frutíferos e trouxe benefícios tangíveis para a nação e o povo panamianos".
"Retroceder (...) vai contra as expectativas dos povos chinês e panamiano e não favorece os interesses vitais do Panamá", disse Zhao.
O dirigente enfatizou que a China "respeita a soberania e a integridade territorial do Panamá e defende que todos os países, grandes ou pequenos, sejam iguais, se respeitem mutuamente e cumpram as suas promessas".
"A China opõe-se firmemente aos esforços dos Estados Unidos para minar deliberadamente as relações entre a China e o Panamá", acrescentou Zhao, manifestando esperança de que "o Panamá tome a decisão correta com base na situação geral das relações bilaterais e nos interesses a longo prazo dos dois povos, eliminando a interferência externa".
Miguel Lecaro Bárcenas afirmou, por sua vez, que o Panamá "atribui grande importância às relações com a China", ainda de acordo com a nota da diplomacia chinesa.
O Presidente do Panamá, José Raul Mulino, anunciou oficialmente a retirada do país da Iniciativa Faixa e Rota na quinta-feira. O anúncio foi feito pouco depois da visita ao país da América Central do chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio.
Mulino disse que a embaixada do Panamá em Pequim "apresentou o documento" para "anunciar a retirada com um pré-aviso de 90 dias", tal como acordado entre as partes.
Marco Rubio descreveu a decisão do Panamá como um "passo importante" para o reforço das relações com Washington.
Em causa estão as preocupações norte-americanas com a influência da China sobre o Canal do Panamá.
As empresas de Hong Kong Landbridge Group e a CK Hutchison Holdings operam atualmente portos em ambas as extremidades do canal. Esta presença suscita preocupações quanto à possibilidade de dupla utilização civil e militar e manobras estratégicas, face à presença cada vez mais profunda do país asiático na América Latina.
A Iniciativa Faixa e Rota inclui a construção de portos, linhas ferroviárias ou autoestradas, criando novas rotas comerciais entre o leste da Ásia e Europa, África ou América Latina.
Designado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, como o "projeto do século", em 2013, a iniciativa foi inicialmente apresentada no Cazaquistão como um novo corredor económico para a Eurásia, inspirado na antiga Rota da Seda.
O projeto tornou-se, entretanto, no principal programa da política externa de Xi. Na última década, mais de 150 países em todo o mundo aderiram à Faixa e Rota.
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