Milei, eleito Presidente do país sul-americano em 19 de novembro de 2023, esteve em destaque durante a cimeira no Rio de Janeiro, onde voltou a agitar a bandeira do "capitalismo de mercado livre" como a solução para os males do planeta, incluindo a fome e a pobreza.
Algumas delegações presentes no G20 consideraram que a atitude do Presidente é "pouco séria" e que reflete um interesse em apresentar-se no palco internacional como um adepto de Donald Trump, consciente de que, com o seu regresso, o mundo enfrentará uma mudança de ciclo.
O líder populista ultraliberal publicou a sua própria declaração antes da divulgação do documento oficial dos líderes do G20, que reúne as maiores economias do mundo.
Na sua declaração, o Presidente argentino anunciou a renúncia do país a todos os conteúdos relacionados com a Agenda 2030, que tem por objetivo unir esforços internacionais para acabar com a pobreza, dar poder às mulheres e combater as alterações climáticas.
"Atualmente, o que prevalece na comunidade internacional é um sistema de imposição. Não é um sistema de cooperação simétrica e autónoma", afirmou Milei durante uma intervenção na sessão plenária de segunda-feira sobre a reforma do multilateralismo.
O líder argentino rejeitou a "governação global" e afirmou que "muitas das políticas" promovidas pelas organizações internacionais "violam os direitos à vida, à liberdade e à propriedade privada".
"Se se trata de inventar privilégios de sexo, de raça, de classe ou de qualquer minoria, e de negar o princípio da igualdade perante a lei, não contem connosco", afirmou no seu discurso.
Durante as pausas na sala plenária, Milei mostrou cumplicidade com o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, que o visitou na Casa Rosada (sede do executivo argentino) pouco antes da cimeira.
No Rio, Milei aproveitou ainda para realizar uma série de encontros bilaterais, um deles com o Presidente chinês, Xi Jinping.
Para o líder argentino, Pequim surge agora como um "parceiro comercial muito interessante" pois "não exige nada" e "a única coisa que pedem é para não serem incomodados". Isto após ter defendido de forma intransigente "o mundo livre" contra os países "comunistas".
A presença de Milei no Rio de Janeiro foi ainda muito simbólica, pois foi a primeira vez que viajou até ao país vizinho por motivos oficiais, tendo visitado a casa do seu homólogo brasileiro, Lula da Silva, que insultou anteriormente, em várias ocasiões, com adjetivos como "ladrão" e "corrupto".
O Presidente argentino não esteve presente na foto oficial de família, para a qual a grande maioria dos líderes posou.
A foto foi tirada hoje, já que na primeira tentativa, na segunda-feira, estavam ausentes o Presidente norte-americano, Joe Biden, o canadiano Justin Trudeau e a italiana Giorgia Meloni.
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