Roberto Martínez guiou a seleção portuguesa até à glória na Liga das Nações frente ao seu país, Espanha. Com esta conquista o selecionador nacional venceu o terceiro título da carreira enquanto treinador. Ao leme da equipa nacional desde 2023, o técnico de 51 anos, que teve uma carreira como futebolista longe dos grandes palcos, é treinador há quase duas décadas e já bateu o Manchester City com o modesto Wigan Athletic na final da FA Cup.

Depois da conquista da Liga das Nações, no domingo, o jornal espanhol Marca compilou 10 factos sobre o selecionador nacional, que disse, em tempos, ao mesmo meio de comunicação que a sua história “é para ser contada em Hollywood”.

35 minutos na La Liga

E a história de Martínez nos relvados teve início no Real Zaragoza no início da década de 90. Foi precisamente no emblema que agora anda pela segunda divisão espanhola que o então médio jogou os únicos minutos - 35 mais precisamente - da carreira na La Liga, o principal escalão do país vizinho.

Em 1993, aos 19 anos, Bob foi a jogo frente ao Atlético de Madrid no já inexistente Vicente Calderón, uma partida que terminou empatada a duas bolas. Em 1995, já depois de ter rumado ao Balaguer, também em Espanha, transferiu-se para o Wigan Athletic e não mais regressou à sua nação.

'Os três amigos'

Foi já no clube que na época militava na terceira divisão inglesa que Roberto Martínez formou uma tripla de atletas espanhóis, juntamente com Isidro Díaz e Jesús Seba, que ficou conhecida como ‘os três amigos’. As contratações dos três atletas, que chegaram ao emblema britânico na mesma altura, espelhavam a vontade de Dave Whelan, que havia comprado o clube, mudar o estilo de jogo com jogadores de diferentes escolas.

'Os três amigos'/ Reprodução X
'Os três amigos'/ Reprodução X SIC Notícias

Estreia a marcar

A estreia de Bob pelo Wigan não poderia ter corrido melhor. O primeiro jogo com a camisola dos ‘latics’ foi contra o Runcorn a contar para a FA Cup, a taça de Inglaterra. O jogo terminou com um empate a um e foi Martínez quem faturou para a sua equipa.

A amizade com o filho de Johan Cruyff

Jordi Cruyff, filho do mítico jogador e treinador neerlandês Johan Cruyff, e Roberto Martínez mantêm uma amizade especial desde que se conheceram quando jogavam em Inglaterra, uma relação que mereceu referência na autobiografia do técnico que morreu em 2016:

“Jordi encontrou em Roberto o irmão que Danny e eu não lhe pudemos dar.”

Jordi Cruyff também já falou pubicamente da relação que mantém com o amigo.

"Convenceu-me a tirar o curso de treinador, estudámos juntos uma pós-graduação em marketing, tornámo-nos padrinhos de casamento e de filhos um do outro. Ele é uma pessoa muito humilde. De facto, comigo não se vangloriava de ser um fã incondicional do meu pai", admitiu Jordi ao jornal Marca.

Melhor jogador da história do Wigan

Depois de 181 jogos, nos quais apontou 23 golos, e de seis épocas no Wigan, Martínez rumou ao Motherwell, na Escócia, em 2001. Em 2005, a BBC promoveu uma votação em que Martínez foi considerado o melhor jogador da história do clube inglês.

Martínez em ação pelo Wigan, em 2000.
Martínez em ação pelo Wigan, em 2000. Getty Images

O amor pelo clube é de tal ordem que Bob chegou a admitir que, “por respeito”, não queria defrontar a ex-equipa, “nem na taça”.

O treinador-jogador

Em 2007, Martínez mudou-se do Chester City para o Swansea, por onde já tinha passado entre 2002 e 2006, e, de forma inesperada, como o próprio já admitiu, passou dos relvados para o banco.

“Sempre pensei que jogaria até não poder mais, mas pagaram 25.000 libras (atualmente cerca de 30 000 euros) para um jogador fazer de treinador”, revelou o técnico, citado pela Marca.

Era suposto o então jogador acumular a função de técnico, mas não mais voltou a entrar campo. A verdade é o espanhol evitou a descida do clube galês à quarta divisão e conseguiu a promoção à segunda liga, 24 anos depois.

O regresso vitorioso ao Wigan

O sucesso nos ‘cisnes’ ditou o regresso de Bob a uma casa que tão bem conhecia: o Wigan Athletic. Na sua época de estreia na Premier League, em 2009/2010, Martínez foi o treinador mais jovem da competição nessa temporada.

Roberto Martínez com o troféu da FA Cup conquistado no Wigan.
Roberto Martínez com o troféu da FA Cup conquistado no Wigan. Matt Dunham

Na quarta temporada nos ‘letics’, o técnico conseguiu uma proeza verdadeiramente impressionante ao bater por 1-0 o Manchester City na final da FA Cup, uma conquista que é, até ao momento, o maior feito da história moderna da competição futebolística mais antiga do mundo.

Autobiografia e duas televisões na sala

O ex-selecionador da Bélgica já eternizou as suas conquistas dentro e fora de campo numa autobiografia que dá pelo nome “Roberto: Golpeando cada balón”. Também já foi comentador desportivo na Sky News e o seu amor incondicional pelo desporto-rei já quase lhe custou a relação conjugal. A solução? Duas televisões na sala de estar.

"Isso salvou o meu casamento. A minha mulher via o que queria e eu continuava a ver jogos", admitiu o próprio quando treinava o Everton.

O ‘não’ a Alex Ferguson

Quando treinava o Swansea, em 2008, Bob entrou no radar do mítico Sir Alex Ferguson, que queria juntar o treinador à sua equipa técnica. O selecionador nacional recusou o convite e preferiu seguir ao comando dos galeses.

“Fiquei honrado com o interesse do Manchester United, mas teria sido muito egoísta da minha parte partir e deixar o projeto do Swansea incompleto”, explicou o treinador, citado pela Marca.

Um dos “pioneiros” da posse de bola em Inglaterra

No tempo em que disputava a segunda divisão inglesa, o técnico, que já chegou a admitir que foi um dos “pioneiros” da posse de bola em Inglaterra, chamou à atenção ao não convocar um segundo guarda-redes para ter mais opções para a frente do terreno.

Outra particularidade do treinador? Já estudou táticas de desportos como râguebi e basquetebol.

"Interessei-me pelas táticas do râguebi e do basquetebol para ter mais influência no jogo", confessou.