João Pereira pode estar prestes a encerrar a sua curta experiência enquanto treinador do Sporting. Nem 24 horas após regressar de Barcelos com um empate sem golos, que deixou a liderança do campeonato em risco de ser perdida para o Benfica, tanto o “Record” como “ABola” noticiam, esta segunda-feira, que o técnico vai sair do cargo até ao próximo jogo.
Ou seja, antes de 29 de dezembro, quando o Sporting defrontar o Benfica. A Tribuna Expresso sabe, aliás, que essa data já era cogitada em Alvalade antes de a equipa empatar sem golos com o Gil Vicente. Foi o quarto jogo no campeonato com João Pereira e apenas o quarto ponto somado.
É incerto se a saída do técnico, de 40 anos, acontecerá ainda antes do Natal ou depois. Seja como for, os leões têm uma tripla folga nesta quadra festiva, logo, um eventual sucessor de João Pereira só poderia trabalhar com a equipa a 26 de dezembro, quinta-feira. Questionado sobre a iminente saída do técnico, o Sporting não respondeu.
Tanto o “Record” como “ABola” apontam que o escolhido para próximo treinador é Rui Borges, que tem o Vitória Sport Clube a realizar uma época e pêras: os vimaranenses acabaram a fase regular da Liga Conferência no 2.º lugar, sem derrotas, e estão na 6.ª posição do campeonato com um estilo de jogo mandão, ofensivo e com olhos postos na baliza. O Vitória negou à Tribuna Expresso que esteja a negociar o que seja com o Sporting - mas, na prática, caso os leões batam a cláusula de rescisão existente no contrato do treinador (€4 milhões), o clube apenas terá que ser informado de tal.
A tarefa de João Pereira no Sporting teve traços herculanianos desde o início.
A 11 de novembro, o Sporting era 1.º do campeonato com 11 vitórias em tantos jogos e estava na 2.ª posição da Liga dos Campeões com uma goleada (4-1) pintada de fresco contra o Manchester City. A equipa, a voar, dava razão a um dos clichés do futebol que mais se ouve quando as coisas correm bem a olhos vistos: os leões pareciam jogar de olhos fechados.
Quarenta e dois dias volvidos, já Sporting desperdiçou sete pontos (derrotas com o Santa Clara e Moreirense, além do empate com o Gil Vicente) no campeonato, acumulou duas derrotas na Champions (é 17.º classificado) e só avançou para os quartos de final da Taça de Portugal após resistir a um prolongamento, a jogar em casa, contra o Santa Clara que já o derrotara na própria casa.
Sobretudo, João Pereira sucedeu ao treinador querido, Ruben Amorim, com quem o clube foi campeão, reaprendeu a ter estabilidade e viveu quatro anos e meio de ares de bonança. Para agravar o cenário, havia as diferenças naturais de estilo - Ruben era o carismático orador, hábil a falar em público, cuja honestidade ou transparência cativavam os adeptos; veio João sem o à-vontade do predecessor, pouco experimentado a lidar com os momentos de exposição.