
Os italianos celebraram ontem o Dia da Mãe e Sérgio Conceição deu uma emotiva entrevista à MilanTV onde recordou a sua, Maria Alice, que morreu quando o treinador tinha apenas 18 anos. Conceição, que tinha perdido o pai poucos anos antes, lembrou que "quem tem mãe, quem tem pais, vivos, nesta vida, é rico e às vezes não sabe disso."
"Sou um dos oito filhos que ela teve. Todos nós recebemos um amor inexplicável. Não dá para descrever por palavras o que eu e meus irmãos sentimos. Crescemos com dificuldades, muitas. O pai trabalhava, a mãe cuidava das crianças. Ela também trabalhava muito, com muito amor e carinho. Era uma mulher... era a minha referência. Há momentos em que algumas pessoas são mais felizes do que outras, mas mesmo nesses momentos há sempre um lado um pouco sombrio em mim, não sou plenamente feliz, porque sinto muita falta dela. Ainda hoje é assim..."
Conceição emocionou-se ao recordar os pais. "As coisas que me aconteceram ao nível familiar deram-me esta força... Aos 4 anos perdi um irmão de 12. Depois, o meu pai morreu quando eu tinha 15, quase 16, e minha mãe já tinha sofrido um derrame, ficou paralisada do lado esquerdo, não era independente. E no final eu, pequeno, porque os meus irmãos são mais velhos do que eu, tive de fazer tudo para ajudar a minha mãe: tive de ajudá-la a tomar banho, a comer... Foram anos em que experimentei um amor maior, um vínculo que não consigo explicar por palavras o que significa. Não tínhamos dinheiro, mas tínhamos um amor tão grande... Lembro-me sempre de uma frase: 'quem tem mãe é rico e não sabe', e é verdade."
Depois, recordou como era o seu relacionamento com os pais. "A minha mãe nunca me repreendeu. O meu pai era duro, duro, difícil. Ela era a típica mãe que protege os filhos, tinha sempre uma palavra gentil a dizer. A pessoa mais importante para mim, mesmo que eu não queira esquecer a minha mulher... No final, habituas-te à dor, mas ela permanece sempre. Acostumei-me com esta dor, consigo viver e seguir em frente."
"O que eu diria aos meus pais hoje? Quando ganho títulos e fumo um charuto, as primeiras palavras são para eles. Passaram-me valores muito importantes que carrego dentro de mim até hoje. Eles são a base do meu caráter, da minha personalidade e do meu desejo de vencer. É para eles também. Como profissional, mas também como homem. Tenho 5 filhos, eles são minha luz, a minha vida, e tenho orgulho de lhes poder passar esses valores que os meus pais me transmitiram", prosseguiu.
Por isso, o treinador pede que quem ainda tem mãe, que a valorize. "Quem tem a sorte, o dinheiro de ter pais, neste caso a mãe, deve aproveitar e dizer todos os dias algo que nunca dissemos antes: 'Amo-te'. Porque sinto falta dela hoje, se ela estivesse aqui ter-lhe-ia dito todos os dias. 'Eu amo-te', é realmente algo que sinto, é um sentimento que os filhos devem ter pela sua mãe."