"Chegou o momento para os países africanos produtores de diamantes falarem a uma só voz para defenderem aquilo que legitimamente lhes pertence e moldarem uma narrativa global que reflita a nossa verdade e o nosso imenso potencial. Esta não é apenas uma questão de mercado, é uma questão de justiça económica e dignidade cultural", disse hoje o ministro angolano dos Recursos Mineiras, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo.

Para o governante, que falava em Luanda na abertura de uma "Mesa Redonda Ministerial sobre Diamantes Naturais: Desafios e Oportunidades", quando os consumidores optam por comprar diamantes naturais devem fazê-lo com a consciência de que estão a apoiar uma verdadeira transformação humana, financiando salas de aula, hospitais e sonhos por toda a África.

"Que este dia não seja recordado apenas como um fórum de troca de ideias, mas como um momento crucial em que se reforçam parcerias e se reafirma um propósito comum", referiu Diamantino Azevedo.

Neste encontro que junta os ministros dos recursos minerais do Botsuana, África do Sul, Namíbia, República Democrática do Congo (RDCongo) e do país anfitrião, o governante angolano convidou os presentes a conceberem juntos uma "estratégia partilhada, alicerçada na união e na aspiração coletiva, para salvaguardar o futuro da indústria dos diamantes naturais e assegurar o lugar de liderança de África".

Afirmou que as alternativas sintéticas, particularmente os diamantes produzidos em laboratório, "têm vindo a ganhar terreno", sobretudo em mercados como os Estados Unidos e a China, referindo que preocupações com a origem ética, restrições comerciais e mensagens fragmentadas "continuam a desafiar a indústria africana".

A África é responsável por mais de 65% da produção mundial de diamantes em bruto. De Angola ao Botsuana, passando pela África do Sul, Namíbia, República Democrática do Congo e Serra Leoa, o continente africano "é o coração pulsante do comércio mundial de diamantes", disse o ministro angolano.

De acordo com Diamantino Azevedo, os governantes africanos reunidos em Luanda devem comprometer-se a harmonizar políticas regionais, criando mercados mais justos e promovendo prosperidade partilhada em África, bem como a promover a inovação e a rastreabilidade para garantir uma origem ética.

Em Angola, os diamantes têm contribuído significativamente para a reconstrução nacional, financiando escolas, hospitais, estradas e sistemas de abastecimento de água. Em 2024, o país produziu mais de 14 milhões de quilates e as autoridades estão a investir na valorização, rastreabilidade, na transparência e na boa governação, concluiu o governante angolano.

DAS // JMC

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