
O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, pediu esta Quarta-feira livre circulação entre Moçambique e Portugal, aludindo à história comum, e recordou que as lutas pela independência das antigas colónias portuguesas “foram determinantes” na “emancipação democrática” da então “metrópole”.
“Lutas cujo alvo não era o povo português, mas sim o regime colonial fascista que nos oprimia, tanto a nós, africanos, como o próprio povo português. Por isso, a vitória é de todos nós. Durante a luta de libertação nacional, esta consciência ficou enraizada no seio dos combatentes e das massas, o que permitiu a definição clara do inimigo, que era o regime colonial fascista português e não o povo português”, enfatizou Chapo, no discurso oficial das comemorações dos 50 anos da independência moçambicana.
Destacando a presença de representações de países africanos de língua portuguesa nestas cerimónias, no Estádio da Machava, arredores de Maputo, no caso o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, e a presidente da Assembleia Nacional de Angola, Carolina Cerqueira, Daniel Chapo sublinhou igualmente Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente português.
“Nosso irmão, que por maioria da razão é também cidadão de Moçambique. Ele diz publicamente que Moçambique é a sua segunda pátria. Muito obrigado pela sua presença”, disse Chapo, dirigindo-se a Marcelo Rebelo de Sousa.
“Viveu intensamente a história comum de Moçambique e Portugal. Ele ama os dois países, Moçambique e Portugal. Daí a sua presença hoje”, destacou o Presidente moçambicano, manifestando o objectivo ao Presidente português:
“Nós queremos uma aproximação cada vez maior entre Moçambique e Portugal. Queremos livre circulação entre cidadãos dos dois países, nos dois sentidos, porque somos dois povos irmãos e amigos para sempre”.
“A vossa presença nesta cerimónia, senhor Presidente Marcelo, orgulha-nos bastante, porque eleva ao mais alto nível os nossos laços históricos, culturais e de amizade, forjados desde os tempos do Vasco da Gama e de Camões, que por esta terra também passaram”, concluiu Daniel Chapo.
Moçambique celebra os 50 anos de independência, com a cerimónia principal, em Maputo, dirigida pelo Presidente da República, Daniel Chapo, e com a presença de vários chefes de Estado, incluindo o de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
As cerimónias centrais decorrem no histórico Estádio da Machava, local onde o primeiro Presidente do país, Samora Machel, proclamou a independência às primeiras horas de 25 de Junho de 1975, após uma luta contra o regime colonial português que começou em 25 de setembro de 1964.
Neste processo, Daniel Chapo – o primeiro chefe de Estado de Moçambique nascido após a independência -, sublinhou no seu discurso igualmente a “visão” de Eduardo Mondlane (1920 – 1969), fundador histórico da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que liderou a luta anticolonial.
Além do discurso oficial do Presidente moçambicano, diz a Lusa, a cerimónia de incluiu desfiles militares, momentos culturais, uma mensagem dos representantes dos cidadãos que completam 50 anos de idade (mesmo período da independência) e uma intervenção do líder do Podemos, enquanto maior partido da oposição.