
"O filme não é apenas um feito técnico notável, mas - tal como todas as grandes obras de ficção científica - depressa se revela um tratado ponderado sobre a natureza humana (mesmo na ausência dos ditos humanos) e uma meditação desconfortável sobre para onde vamos e o controlo final que temos sobre o universo que nos rodeia", justificou o júri do Haapsalu Horror and Fantasy Film Festival (HÕFF), citado num comunicado.
Segundo os jurados do festival de cinema anual, a película de Gonçalo Almeida é uma obra em que o protagonista "tenta escapar a uma situação aparentemente impossível" e oferece "um vislumbre" de um ser vivo, vítima das ações humanas.
Para Gonçalo Almeida, a vulnerabilidade da humanidade e o seu impacto sobre o planeta "tornam-se cada vez mais evidentes", na "era do antropoceno".
"As nações racionalizam os prejuízos do progresso tecnológico sob o pretexto de avanço científico. No entanto, o verdadeiro impulso por detrás de tais avanços é a busca pela dominância geopolítica. Esta busca pela supremacia é o principal instigador de conflitos em grande escala".
Considerando, de uma perspetiva cósmica, que "todas as espécies são iguais", o realizador levanta várias questões sobre reconciliação humana.
Com uma duração de nove minutos e filmado com uma aranha real e cenários reais, sem dependência de inteligência artificial, o "filme rejeita a supremacia da tecnologia sobre a arte no cinema".
O filme teve a sua estreia mundial na última edição do Fantastic Fest nos Estados Unidos da América e foi depois exibido nos mais importantes festivais de cinema internacionais de género como Sitges International Fantastic Film Festival of Catalonia e Molins Horror Film Festival, em Espanha, Les Utopiales, Festival international de Science-Fiction e PIFFF - Paris International Fantastic Film Festival onde foi também premiado, em França.
O 'ATOM & VOID' será ainda exibido no Short Shorts Film Festival & Asia, no Japão.
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