Estabelecida formalmente em 2020, estrutura junta juventudes partidárias e associações numa discussão sobre as políticas de juventude do concelho.

Fazer política não apenas a pensar nos jovens, mas com eles: assim se pode descrever a atividade do Conselho Municipal da Juventude (CMJ), estrutura da Câmara Municipal de Almada que, desde 2020, reúne representantes da massa jovem almadense, das juventudes partidárias a associações cívicas, para discutir as políticas de juventude co concelho.

“É o órgão máximo onde estão presentes todas as associações juvenis e estudantis. É aqui que se discute a política de juventude”, diz ao ALMADENSE Filipe Pacheco, vereador municipal com o pelouro da Juventude. À mesa com direito a voto sentam-se, além dos representantes da câmara, todas as juventudes partidárias do concelho, assim como as associações que constem do Registo Nacional do Associativismo Jovem (RNAJ) e que queiram participar na discussão.

Uma discussão que, numa dada reunião, pode ir da planificação de eventos direcionados aos jovens, como o programa Março à Solta, temas relacionados com a educação, da aprendizagem dos estudantes à segurança das salas, até questões de gestão política, como é o caso do Orçamento Participativo Jovem, que é discutido e votado no CMJ.

“Os vereadores e os técnicos participam nessas decisões, mas ter os jovens a dar a sua opinião ajuda a formar as várias políticas”, diz o responsável. Por vezes, as recomendações que saem das reuniões traduzem-se em medidas concretas adotadas pelo executivo municipal. Caso, exemplifica, da distribuição de produtos de higiene feminina reutilizáveis nas escolas do concelho, que vai já para o segundo ano.

“Tivemos aqui uma associação que apresentou uma recomendação, que foi aprovada por unanimidade. O CMJ fê-la depois chegar à câmara e o executivo achou uma excelente recomendação e pô-la em prática. Teve até algum destaque a nível nacional porque somos dos poucos municípios do país a fazê-lo. Foi algo que partiu daqui, e é um exemplo de como os jovens podem influenciar a política local”, sublinha Filipe Pacheco.

Funcionando em regime consultivo, a função principal do CMJ é “fazer a ponte” no diálogo entre os jovens e os órgãos autárquicos, garantindo que as recomendações e preocupações do público jovem sejam incorporadas na gestão municipal. O conselho reúne sensivelmente a cada três meses, com uma ordem de trabalhos onde cabem questões relacionadas com eventos para os jovens, até problemáticas da política e atuação da própria Câmara de Almada nesta área.

Dar credibilidade ao associativismo jovem

Reunião decorreu na “Casa Amarela”, Laranjeiro. Foto: Bruno Marreiros / Almadense

Além dos conselheiros com direito de voto, o Conselho Municipal da Juventude integra ainda vários membros observadores, representantes de toda e qualquer associação municipal ou de estudantes que queira ter um lugar à mesa (assim como dos partidos políticos representados na Assembleia Municipal). Na reunião que o ALMADENSE acompanhou, na “Casa Amarela” do Centro Cultural e Juvenil de Santo Amaro (Laranjeiro), um dos pontos da ordem de trabalhos foi justamente a votação de adesão de um desses membros: a associação Sentir e Viver, representada por um dos seus fundadores, Sérgio Tete.

“É um projeto recente, começámos há cerca de nove meses”, explica o jovem no final da reunião. O objetivo da Sentir e Viver passa por dinamizar a comunicação e a capacidade de intervenção da comunidade jovem na vida do concelho. Entre outros projetos, a associação ajuda a organizar o Almada Golden Weekend, evento de celebração da cultura japonesa, e é responsável pelo podcast Feel, desenvolvido com apoio da autarquia e que visa dar voz aos jovens num registo de conversa informal.

“Temos de saber interagir com os jovens, saber o que eles querem e ter uma estratégia para os cativar. Usar as redes sociais, por exemplo, como outras entidades usam para divulgar e chegar às pessoas. Porque não a câmara fazer o mesmo?”, questiona Sérgio Tete.

Para chegar ao Conselho Municipal da Juventude foi necessário “mostrar resultados” e provar a consistência da associação. “Temos pessoas boas nas suas funções, mas depois é preciso provar que é uma coisa sólida. Demorou um bocadinho de tempo”, diz o fundador da associação. Agora que já estão representados, Sérgio Tete acredita que o potencial de benefício para o projeto é muito. “Ajuda-nos porque nos dá credibilidade. Estarmos próximos da câmara, termos voz num órgão como este, vai ajudar-nos a evoluir. Já nos está a ajudar, aliás.”

Órgãos como o Conselho Municipal da Juventude são, no fundo, uma maneira de fomentar o associativismo jovem — e, em última análise, de trazer os jovens para a política, para que esta se faça com eles e não para eles. “Dá mais um espaço às associações juvenis para terem voz, e as ações que vão resultando daqui são exemplo disso. E depois também é importante funcionarmos em rede. As associações vão-se conhecendo entre si, vai havendo colaborações que nascem das pessoas se conhecerem aqui no CMJ. É sobretudo um espaço de valorização desse associativismo”, considera Filipe Pacheco.

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