A oposição à direita em Lisboa forma uma frente comum para tentar afastar Carlos Moedas da presidência da autarquia. O Partido Socialista, o Livre, o Bloco de Esquerda e o PAN preparam um acordo de coligação para concorrer às eleições autárquicas de 12 de outubro, numa estratégia concertada para recuperar o controlo político da capital.

Segundo avançou o jornal Público, a lista da coligação será encabeçada por Alexandra Leitão, ex-ministra e atual deputada do PS, e contará com uma distribuição negociada dos primeiros lugares: os quatro primeiros lugares serão ocupados por candidatos socialistas, o quinto pelo Livre, o sexto pelo BE e o sétimo ou oitavo pelo PAN.

A proposta será formalmente analisada e votada esta quinta-feira, 17 de julho, pela comissão política concelhia do PS em Lisboa, que também deverá aprovar os cabeças de lista às juntas de freguesia e à Assembleia Municipal.

Ficam de fora desta coligação eleitoral o PCP e o movimento Cidadãos por Lisboa, que haviam integrado anteriores soluções políticas na cidade, como na governação de Fernando Medina.

A união das esquerdas surge como resposta direta à recandidatura de Carlos Moedas, que anunciou oficialmente a sua intenção de se manter à frente da Câmara de Lisboa na quarta-feira, 16 de julho. O atual presidente da autarquia conta com o apoio do PSD, do CDS-PP e da Iniciativa Liberal, numa frente de direita que pretende consolidar a liderança conquistada em 2021, após décadas de governação socialista na cidade.

Esta disputa promete marcar intensamente o calendário político nacional nos próximos meses, com Lisboa a afirmar-se novamente como o palco central da batalha ideológica entre esquerda e direita, num ano já dominado por eleições legislativas antecipadas e instabilidade política generalizada.

A coligação liderada por Alexandra Leitão poderá colocar em causa a continuidade do projeto de Moedas, assente em promessas de desburocratização, inovação e reformas na mobilidade urbana. No entanto, a capacidade de agregação das forças de esquerda e a mobilização do eleitorado progressista serão cruciais para contrariar o favoritismo que o atual presidente mantém nas sondagens mais recentes.

Com este movimento, Lisboa pode tornar-se o grande barómetro político do país no último trimestre de 2025, revelando não só o futuro da governação local, mas também a saúde das alianças políticas no contexto nacional.