Rica em vestígios paleontológicos e arqueológicos, nomeadamente as pegadas de dinossáurios e as jazidas Paleolíticas da Praia Grande, bem como importantes geomonumentos de interesse natural e cultural, como o Calhau do Corvo e a Praia Grande do Rodízio, a área a intervencionar na costa de Sintra estende-se da praia da Adraga à Praia Grande.
O projeto do novo parque ecológico prevê a intervenção em 54,6 hectares e tem como objetivo "proteger e incrementar os valores naturais", garantindo "a preservação dos 'habitats' e das espécies endémicas", eliminar ou "controlar espécies vegetais e animais invasoras", restaurando o "equilíbrio ecológico e da biodiversidade local", e gerir "o acesso dos visitantes às áreas mais sensíveis", minimizando "o impacto nos ecossistemas mais frágeis", refere a agência Lusa.
Numa primeira fase, até 31 de julho, consistirá na limpeza de 35% da área a norte e instalação de três quilómetros de trilhos sinalizados, enquanto na segunda fase, entre agosto próximo e 31 de dezembro de 2027, será limpa a restante zona, concluídos os trilhos, instalados pontos de observação e áreas de descanso e criado um centro de interpretação ambiental.
Além da limpeza das espécies invasoras, incluindo sementes espalhadas no solo, serão instalados passadiços elevados na orla costeira, com miradouros, passadiços com guardas num segundo nível mais recuado, e passadiços apoiados sem guardas, ao lado de trilhos, para acessibilidade a pessoas com mobilidade condicionada.
O projeto do Parque Ecológico da Adraga-Praia Grande, em 54,6 hectares no litoral de Sintra, vai ser desenvolvido pelo município, fundação Aga Khan e organismos públicos do Ambiente, segundo um protocolo aprovado esta terça-feira, 28, pelo executivo sintrense.
Proteger a orla costeira de “danos irreversíveis”
"A criação do Parque Ecológico da Adraga-Praia Grande (PEAPG) surge como um projeto que visa a recuperação paisagística e a valorização de uma área costeira de grande interesse ambiental e cultural no concelho", promovendo "práticas sustentáveis que pretendem incentivar a comunidade local e visitantes para a importância da preservação ambiental", lê-se na proposta do presidente da autarquia, Basílio Horta.
No futuro, o parque ecológico poderá ser ampliado até 67 ha, adiantou à Lusa um técnico da autarquia, com outras áreas a adquirir pelo município ou em domínio público marítimo, esperando conseguir "ampliar um pouco para sul", para "abranger o Fojo da Adraga", até porque a recuperação do parque ecológico, embora possa ser visitado em breve, só ficará concluída após 10 anos.
Segundo a minuta do protocolo, a que a Lusa teve acesso, a área do PEAPG caracteriza-se pela "presença significativa de espécies invasoras", sendo prioritárias ações de controlo e erradicação destas espécies "para restaurar os ecossistemas locais e promover a biodiversidade nativa".
Os cerca de 25 quilómetros de costa do município estão abrangidos pelo Parque Natural de Sintra-Cascais e pela Zona Especial de Conservação que resultou da recente reclassificação do Sítio de Interesse Comunitário, com componentes terrestre e marinha.
A sobreposição das áreas protegidas e da Rede Natura 2000, como ocorre no município, confere "proteção legal mais robusta" em espaços com elevada riqueza de valores naturais, que importa preservar para as futuras gerações, apesar do parque natural e a orla costeira terem vindo "a sofrer danos irreversíveis" com propagação de espécies invasoras, que anulam o desenvolvimento de espécies autóctones, algumas com estatuto especial de proteção.
O município adquiriu 54,6 hectares (ha) entre as praias da Adraga e Grande e o executivo aprovou, por unanimidade, a minuta do protocolo entre a autarquia e o Fundo Aga Khan para a Cultura (AKTC, na sigla em inglês), a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) de Lisboa e Vale do Tejo, o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e Agência Portuguesa do Ambiente (APA).