"O mpox não acabou, há uma tendência de aumento em alguns países que exige um compromisso renovado para uma frente mais forte e mais unida contra a doença", alertaram os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças em África (África CDC), numa conferência de imprensa 'online'.

Dos países que registaram surtos no continente, dez estão atualmente na "fase ativa", incluindo a República Democrática do Congo (RDCongo), nação vizinha de Angola, que continua a ser o epicentro da epidemia e o país com a taxa de despistagem mais baixa do continente.

A região centro-africana é responsável por 88,7% das infeções e 89,5% das mortes, segundo os África CDC.

O epidemiologista Ngashi Ngongo, chefe do Gabinete Executivo dos África CDC, explicou que 91% de todos os casos confirmados na RDCongo estão concentrados nas províncias de Kinshasa, Kivu do Norte e Kivu do Sul, devido à elevada densidade populacional e ao acesso mais difícil aos serviços de saúde, e garantiu que, nas próximas semanas, a resposta será intensificada nestas regiões para que se consiga uma estabilização da epidemia.

"À medida que avançamos, a resposta será intensificada nestas províncias mais afetadas (...) para garantir que, até ao final de fevereiro ou início de março, possamos ver uma tendência positiva, ou seja, uma estabilização ou, se não, o início do controlo da situação" na RDCongo, disse Ngongo.

Além disso, existem preocupações quanto à deteção de casos em novos países, como a Serra Leoa, que notificou a sua primeira infeção no passado dia 10 e tem agora um total de 12 casos confirmados.

"O país enfrenta vários desafios, sendo o mais importante o financiamento limitado para apoiar a resposta ao mpox, mas também a disponibilidade de 'kits' de teste e a ausência de vacinas", explicou Ngongo.

Entretanto, 11 países encontram-se na chamada "fase controlada", incluindo quatro - África do Sul (vizinho de Moçambique), Gabão, Marrocos e Zimbabué - que não notificaram quaisquer novos casos nos últimos 90 dias.

"Continuamos a ver uma tendência ascendente em alguns países como o Uganda, mas a estagnação em países como o Burundi, que são alguns dos mais afetados, é também um elemento que nos dá muita esperança", disse o epidemiologista.

Três países iniciaram a vacinação no ano passado - RDCongo, Ruanda e Nigéria - e seis outros já receberam doses.

No entanto, até ao momento, apenas a República Centro-Africana, que recebeu 2.300 doses das 12.300 atribuídas, iniciou a campanha de vacinação, em 18 de janeiro. Já o Uganda, que as recebeu na terça-feira, prepara-se para as começar a aplicar.

Os restantes países do continente continuam a aguardar a atribuição e o envio dos medicamentos.

A agência de saúde pública da UA declarou o mpox uma emergência de saúde pública continental em 13 de agosto de 2024 e, no dia seguinte, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou um alerta sanitário internacional para a doença.

O alerta da OMS refere-se à rápida propagação e à elevada mortalidade em África da nova variante (clade Ib), da qual foram identificados vários casos fora do continente em pessoas que viajaram para zonas de África onde o vírus circula intensamente.

Na Europa, o caso mais recente confirmado foi em França, no início do ano, na capital da Bretanha, Rennes.

Esta variante difere da clade II, que causou um violento surto em África em 2022, bem como centenas de casos na Europa, na América do Norte e em países de outras regiões, e que levou à declaração de uma emergência sanitária internacional entre 2022 e 2023.

O mpox é uma doença infecciosa que pode causar uma erupção cutânea dolorosa, gânglios linfáticos inchados, febre, dores de cabeça, dores musculares, dores nas costas e falta de energia.

 

NYC // MLL

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