
Este ano, a iniciativa arrancou na Praia de Ofir, em Esposende, distrito de Braga, com a manhã dedicada à formação em Suporte Básico de Vida e "uma tarde de água", com treino de salvamento com e sem prancha, sob o olhar atento do cão Ruca, que "tem mais horas de praia que todos".
João Guedes, um dos formadores do "Surf&Rescue", leva já uma vida no mar: "Sou surfista, instrutor de mergulho recreativo, mergulhador profissional e nadador-salvador. Faço surf há 50 anos. Graças a Deus a vida permitiu-me ir ao mar quase todos os dias", disse à Lusa, enquanto um primeiro grupo entrava mar adentro para um exercício prático.
"A ideia desta formação é juntar as técnicas que os nadadores-salvadores usam nos salvamentos com as técnicas que nós, surfistas, usamos nos salvamentos", explicou.
Segundo João Guedes, os surfistas têm um papel fundamental no socorro no mar: "Estamos na água o ano inteiro e já estamos dentro de água. Se já estamos dentro de água a nossa ação vai ser mais imediata do que a do nadador-salvador".
E continuou:"E depois já estamos, por natureza, equipados para fazer o salvamento e, não desfazendo o trabalho dos nadadores-salvadores, nós colmatamos muito a falta deles. Na maioria das praias não há outros meios que não os surfistas".
Aquele surfista salientou ainda que "cada vez há mais gente na praia o ano inteiro" mas que "a época balnear, em termos de socorros a náufragos, é apenas 3 meses".
"Num país com 800 quilómetros de costa e o clima" que Portugal tem a vigilância "devia ser o ano inteiro", acrescentou.
"Não digo em todas as praias, era difícil, mas naquelas praias chave", apontou, antes de se fazer ao mar para orientar um dos grupos de surfistas, mais uma vez todos vigiados pelo Ruca.
Há 20 anos que Luís Monteiro, de 31, diz andar no mar: "Eu vivo do surf, sempre fez parte da minha vida, é parte essencial da minha vida", confessou, apontando a utilidade desta formação.
Este surfista contou que já esteve envolvido em vários salvamentos e que conseguiu "tirar sempre a vítima do mar a respirar", mas que caso isso não aconteça "ter esta formação de Suporte Básico de Vida é útil e essencial".
"Todos nós devíamos ter a consciência de que é preciso. Num dia de praia com os amigos, se alguma coisa correr mal, estamos preparados para ajudar", referiu.
Já o coordenador da iniciativa, Afonso Teixeira, salientou que "tirar a vítima da água é algo que quase todos os surfistas conseguem fazer".
"Mas o salvamento não acaba aí e é essencial saber o que fazer nos minutos seguintes enquanto o socorro diferenciado não chega. Esses minutos podem fazer toda a diferença para ser um salvamento bem-sucedido ou mal sucedido", salientou.
O "Surf&Rescue "é uma parceria entre a Associação de Escolas de Surf de Portugal (AESP) e o Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) que "vai mais além" na edição deste ano, com o "Surf&Rescue 2.0", uma nova fase do projeto, com ações de formação dirigidas a todos os que já frequentaram a formação tradicional, que permitirá a certificação do INEM em Suporte Básico de Vida com Desfibrilhadores Automáticos Externos (DAE).
Esta fase, que arranca arrancar em outubro, vai ainda permitir equipar escolas de surf, de Norte a Sul, com 10 desfibrilhadores: "É um contributo que a comunidade do Surf fica feliz em poder dar", disse Afonso Teixeira.
A edição de 2025 do "Surf&Rescue" continua com ações em Espinho, no distrito de Aveiro, e dia 30 em Aljezur, no distrito de Faro.
JCR // MSP
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