Em véspera de eleições para a direção da FPF, Duarte Gomes defende a escolha de Pedro Proença para dirigir a arbitragem e o Plano Nacional de Arbitragem prometido, algo “que pode vir a revolucionar o setor”
Nos últimos tempos tenho escrito vários artigos de opinião sobre as eleições para a FPF da próxima 6.ª feira.
Sou um homem de futebol há várias décadas, estive lá dentro muitos, muitos anos e confesso-me apaixonado por tudo o que diga respeito à modalidade.
No entanto, reparei que esta escolha - que é pessoal e livre - parece fazer confusão a muita gente.
Como se devesse algo a alguém. Como se tivesse que pedir autorização para dizer o que quero, nos meus espaços de opinião. Como se, enquanto comentador, estivesse obrigado a falar apenas de vermelhos e penáltis.
Obviamente que essa frustração não é nem será um problema meu, mas de quem o tem. Não deixa no entanto de ser engraçado ver essas dinâmicas, que apenas encerram discreta tentativa de silenciamento.
Da minha parte, sei bem porque me importa o tema: quero que o destino do futebol português mantenha-se em boas mãos, de preferência, nas mãos de alguém qualificado, com carreira assinalável na modalidade, com experiência no dirigismo, com formação na área e com reconhecimento internacional (a FPF é hoje uma marca de respeito a nível mundial).
Ora, parece-me claro - com todo o respeito por quem pense diferente - que só um dos candidatos tem esse perfil. Pedro Proença podia nem ser a escolha óbvia noutras circunstâncias, mas nestas é e de longe.
Já no que diz respeito à arbitragem, tema ainda mais especial para mim, a escolha será entre duas listas que integram pessoas decentes e de bem, com muitos anos de arbitragem e intenções sérias. É importante que ninguém duvide disso!
A este propósito, sou fiel ao que assumi quando apenas se desenhava um único nome: o de Luciano Gonçalves. Para mim continua a ser pessoa certa para este desafio.
Porquê? Porque é a escolha de Proença e sei que Proença nunca, nunca escolhe à toa; porque, não sendo um Porsche ou um Maserati, que apelam mais à fama e estatuto do que à capacidade de rodar, é uma espécie de "Mercedes de praça": robusto, resistente e duradoro, que faz um milhão de quilómetros e continua a andar como se estivesse a sair do stand.
Gosto do Luciano porque ele é coerente, seguro e, acima de tudo, fiável: nunca mudou o discurso, nunca disse sim e depois não, nunca fez exigências impossíveis , nunca disse talvez fique, talvez vá. O sim foi sempre sim, do primeiro ao último minuto. Não é para todos.
Além disso, reconheço que foi inteligente nas escolhas. Se vencer, terá ao seu lado uma equipa multidisciplinar, com experiência comprovada no futsal, futebol de praia e futebol de onze (feminino e masculino).
Mas o mais importante é estar em sintonia com quem lhe endereçou o convite. Há ali visão comum e partilha de ideias. Um alinhamento total, que culminou na elaboração de um Plano Nacional de Arbitragem, que pode vir a revolucionar o setor.
Acho que lealdade e solidariedade institucional entre órgãos é fundamental para uma gestão tranquila e sem sobressaltos. É essa convergência de objetivos que dá a estabilidade que a classe tanto precisa. Não faz sentido jogar com a ideia de que os órgãos sociais têm votações autonomizadas, como se fosse cada um por si.
De resto, a arbitragem que o ex-presidente da APAF quer dirigir propõe medidas que, confesso, quero ver implementadas:
- Aposta forte no recrutamento, retenção e formação (ter e manter mais árbitros); acompanhamento dos mais jovens através de projetos de tutoria/mentoria; dotação de mais e melhores condições de trabalho para árbitros distritais e nacionais; estreitar de relações com todos os conselhos regionais de arbitragem; separação de poderes entre quem gere e quem forma (poder político e poder técnico); alinhamento a nível distrital e nacional (ou seja, da base ao topo, uma só voz, uma só forma de arbitrar); profissionalismo efetivo de árbitros e respetiva estrutura; maior ambição internacional; representatividade ao mais alto nível (UEFA); comunicação constante e aberta com o mundo exterior (imprensa, adeptos, clubes, etc); transparência, sobretudo em tudo o que levante mais dúvidas (nomeações, classificações, vídeo arbitragem, etc); escrutínio/auditorias regulares, para atestar legalidade e ética de todos os processos; criação de entidade externa para gerir arbitragem do futebol profissional, enfim. Está lá tudo, explicado e planeado, ponto a ponto, passo a passo.
Espero sinceramente que vença quem me parece ser mais qualificado e capaz. É o futuro da maior modalidade desportiva do país que está em jogo.