
Em Braga, este sábado, Vasco Seabra vai reencontrar o primeiro adversário que defrontou ao leme do Arouca. Após uma volta ao serviço dos arouquenses, o técnico vê agora duas equipas que cresceram muito. Sempre disponível, o técnico abordou também a ausência, por lesão grave, de David Simão e ainda desvendou uma piada privada entre treinadores.
O treinador do Benfica, Bruno Lage, colocou o campeonato como uma corrida a quatro, sendo o Sp. Braga um dos candidatos. O que é que pensa disto e quais as principais adversidades que antevê para o jogo de amanhã?
"Sim, um jogo difícil e concordo também com aquilo que o treinador do Benfica disse, até porque nos últimos dez jogos o Braga foi a equipa que mais pontos conquistou na liga. Portanto, reflete também que é, nos últimos dez jogos, a melhor equipa da liga. Por isso, é um adversário muito difícil. Desde 29 de dezembro, penso, tem apenas uma derrota. Uma equipa muito competente, muito competitiva e a jogar no seu estádio mais ainda. Sei que vai querer dar sequência a isso. Tem um excelente treinador, um treinador que tem ideias muito claras, que as equipas conseguem normalmente ter sucesso. Por isso, estão todos os ingredientes para nós sabermos que vamos ter um adversário fortíssimo e que é uma oportunidade fantástica para competirmos, sermos valentes, sermos bravos e mostrarmos toda a nossa união e força porque temos capacidade para competir contra um adversário muito bom. Temos a possibilidade de sermos nós, desafiar-nos a estar nos 100% e se estivermos a 100%, tenho confiança total que vamos competir no jogo e vamos ser um adversário também muito difícil para o Braga. Espero que amanhã percam três pontos e que depois daí para a frente o [Carlos] Carvalhal seja feliz. Gosto muito dele, mas que amanhã seja para o nosso lado."
Há sempre uma espécie de incógnita de como é que o Sp. Braga se vai apresentar em campo, seja no 4x2x3x1 ou em 3x4x3 com o Gabri Martínez como ala esquerdo e a baralhar um pouco as coisas. Que Sp. Braga é que espera encontrar amanhã em termos de esquema tático e de estratégia?
"Acredito que o jogo na sua matriz vai mostrar um Sp. Braga que vai querer ter a bola, que vai querer ter muita mobilidade nos médios, que é uma característica também e também com muitos ataques à profundidade, principalmente do ponta e do dez, jogando dessa forma. A forma como poderá depois forçar-nos à nossa pressão, à nossa construção, portanto com a pressão deles, sinceramente acredito que será mais com a linha de quatro, mas independentemente de uma ou de outra situação, a nossa equipa está preparada para ambas. Treinamos a adversidade de termos uma ou outra forma de defender do adversário, por isso, os nossos jogadores estão preparados. Sentimos que é, mais até do que a forma como poderão fazê-lo, tem a ver com a forma como nós quisermos contrariar isso para estarmos altamente despertos no jogo, sentirmos a forma como nos estão a tentar anular e tentarmos sair dessas amarras para conseguirmos também colocar o nosso jogo em prática e sermos altamente capazes, com olhos na baliza. No último jogo fizemos muito menos remates e chegadas no último terço do que queríamos, por isso, é o momento de nos desafiarmos e de voltarmos àquilo que é a nossa matriz e o nosso padrão também."
O Sp. Braga foi o primeiro adversário que enfrentou enquanto treinador do Arouca. Que mudanças vê desde essa altura e o que espera que seja diferente neste jogo?
"Muitas, de uma e de outra equipa. Penso que ambas as equipas cresceram muito. Nós estamos mais estáveis, mais compactos também. Nos últimos 15 jogos, que é praticamente os nossos 17 que fizemos, penso que somos a sexta ou sérima equipa com mais pontos conquistados. O Sp. Braga também, como referimos, nos últimos dez [jogos], é a equipa com mais pontos, ou seja, duas equipas que têm crescido muito, que também no mercado de inverno acabaram por se ajustar e por estar muito compactas e criarem um grupo ainda mais forte e mais coeso. Duas equipas que também, no ano civil de 2025, só têm uma derrota cada uma, por isso sentimos que são duas equipas que cresceram muito, têm vindo a demonstrar também qualidade e portanto sinto que vai ser um bom jogo. E eu sinto que se nós tivermos, volto a reforçar, se tivermos a 100%, acredito que vamos ser uma equipa muito competitiva e que vamos ter do outro lado uma equipa que também vai querer ganhar no seu estádio e vai querer mostrar também aos seus adeptos que vai lutar pelo título até o fim."
Que Arouca vai ter a partir do momento em que perdeu David Simão? Tendo em conta que teve esta paragem para trabalhar, como é que trabalhou a equipa?
"Começando pela fatalidade de perdermos o David [Simão]: não há jogadores insubstituíveis, mas que ele faz muita falta, faz. Isso é inegável e inevitável pelo peso que tem na equipa, pelo peso que tem no clube, pela forma de jogar, pela 'ranhosice' que tem, por essa 'ranhosice' que também mete nos colegas, nos adversários e pela forma como também interpreta o jogo e acaba por ser também um líder e um treinador dentro de campo, perante as ideias que percebe da equipa técnica e que procura passar para os colegas. É um jogador que nos fará falta, porque gostamos dele, por isso é que também jogava quase todos os jogos, com muitos minutos, por isso, é natural que seja um jogador que tenha muita influência na equipa. A verdade é que nós, independentemente disso, sentimos uma confiança muito grande nos jogadores que temos à disposição para o meio campo. E também não deixa de ser verdade que já vencemos jogos e também fizemos bons jogos quando o David [Simão] não esteve por lesão ou por castigo. De qualquer das formas, sentimos que as características do Pedro Moreira, do Pedro Santos e do Loum nos dão segurança também para aquilo que são, porque o Fukui estava a jogar. Sentimos que são características que nos dão, apesar de diferentes, soluções e viabilidade para que o nosso jogo continue a ter fluidez e continue a ser capaz de jogarmos para a frente, de termos a bola, de assumirmos o jogo e de termos essa presença de jogo fluido para que consigamos fazer a bola chegar aos nossos jogadores que jogam entre linhas, seja o nosso dez, seja o nosso ala por dentro, seja o nosso lateral que às vezes vai por dentro. Sentimos que temos na mesma essas características e essa capacidade no nosso meio campo, por isso, estamos felizes com os jogadores que temos, infelizes e tristes porque perdemos o David [Simão], que era um jogador que não queríamos perder, mas confiantes naquilo que o grupo é capaz de se reinventar para construirmos aquelas que são as nossas características."
Quais são as baixas do Arouca visto que o David Simão é uma baixa confirmada, mas como estão o Tiago Esgaio e o Pablo Gonzálbez? E o Pedro Moreira, ainda sem ritmo competitivo, poderá espreitar uma oportunidade para jogar?
"Começando pelo Pedro Moreira, tivemos a oportunidade há umas semanas atrás de falar um pouco sobre ele. É o nosso capitão, é um exemplo para todos na forma de treinar e na forma de se entregar e estava um pouquinho tapado, porque tinha tido umas lesões e estava com dificuldade em poder entrar na convocatória, já que os quatro médios estavam a treinar num nível muito alto e não estavam a dar-lhe essa chance de ele poder competir para poder ser chamado a jogo. Abriu-se a possibilidade, ele continua no mesmo registo, ou seja, ele não muda quando sente que a oportunidade pode estar mais perto ou mais longe, ele mantém-se sempre num foco muito grande. É um jogador que eu aprecio já há muitos anos, é um jogador em quem nós confiamos, os colegas confiam também e, portanto, seja para ir entrando aos poucos e estar preparado para ajudar a equipa, seja para iniciar, é um jogador que já tem algum ritmo, já está a treinar connosco há algumas semanas de forma consecutiva. Também tem feito treinos muito bons, por isso, sentimos que é uma boa solução para nós. Relativamente às baixas, estamos com muitas dúvidas, temos aqui algumas dúvidas nos jogadores que podemos ter disponíveis para o jogo. As únicas baixas confirmadas são as do Galovic e do David Simão. Todas as outras estão muito em dúvida, seja o Dylan [Nandín], seja o Pablo [Gozálbez], seja o [Tiago] Esgaio. São jogadores em dúvida para o jogo, por isso vamos deixar até ao limite, vamos aguardar. Os que vão entrar, ainda ontem tive a oportunidade de dizer isso aos nossos jogadores, os que vão iniciar, os que vão sair do jogo, os que vão entrar no jogo, eu sinto é uma confiança muito grande que nós, se estivermos a 100%, vamos competir."
A equipa veio de um jogo menos conseguido, com menos aproximações à baliza adversária contra o Estoril. Teve 15 dias para preparar a equipa para o jogo seguinte, por isso, prefere ter mais tempo para analisar o que possa não estar tão bem, ou é daqueles treinadores que prefere que o jogo seguinte venha depressa para matar o enguiço rápido?
"Nós gostamos de matar os borregos a toda hora, não é? Ou seja, nós gostamos de jogar. Gostamos muito de jogar nós e os jogadores. Às vezes, em brincadeira entre treinadores diz-se 'pá, isto era bom, era sem jogos, não é?' porque parece que andamos mais tranquilos. O problema é que a gente depois fica uma semana sem jogo e está em desespero para que o jogo venha porque gostamos da adrenalina do jogo, da ansiedade, daqueles momentos antes do jogo, até podermos perceber o que é que o adversário nos está a fazer e como é que a gente pode tentar no jogo do gato e do rato matar o outro lado. Independentemente disso, nós encaramos as adversidades que tivemos no outro jogo como a exceção e não a regra. Aquilo que aconteceu foi uma exceção, mérito do adversário, naturalmente algum mérito nosso porque as coisas funcionam sempre dessa forma, mas, independentemente disso, sentimos que gostámos de competir. Foram importantes estas duas semanas porque realmente tínhamos alguns jogadores com lesões, algumas delas que nós sentíamos que eram também de sobrecarga e de fadiga e, portanto, permitiu-nos em alguns casos fazer alguma descarga, conseguir aliviar alguma da fadiga que estava presente e encararmos agora oito jogos, oito finais, oito oportunidades. Esta é a próxima e é esta a oportunidade que a gente quer agarrar já."
Falou da questão da fadiga e de ter gerido alguns casos durante esta pausa. O Chico Lamba foi um deles porque ele foi convocado à seleção e acabou por ser substituído poucos dias depois da convocação?
"Sim, o Chico [Lamba] está num caso mais acelerado do que os outros de dúvida. Ele acabou por ser dispensado pela seleção e eu acho que eles fizeram o correto. Acho que a seleção foi muito capaz na análise que fez. Ele estava com um bocadinho de sobrecarga, é verdade. Ter de fazer dois jogos num curto espaço de tempo, com viagens, com o estágio em si, que acabava por ter mais carga, poderia prejudicar aquilo que é também a condição do Chico [Lamba]. Eles foram muito sérios, muito profissionais e acabaram por fazer os exames necessários. Perceberam também a fadiga que ele tinha e ele regressou. Conseguimos também, junto com o nosso departamento médico, que ele fizesse uma recuperação, sentimo-lo melhor, sentimo-lo mais capaz, está fresquinho, está como uma alface."
Amanhã faz exatamente uma volta pelo Arouca e já disse que pela frente vão estar um Braga e um Arouca muito diferentes daqueles que na primeira volta jogaram aqui. É um Arouca mais forte aquele que se vai apresentar amanhã em Sp. Braga?
"Sim, como falámos, acredito que vão ser duas equipas mais fortes. São duas equipas mais capazes, mais competentes, com processos mais fortes e mais adquiridos também. São equipas com um nível de entendimento do jogo e daquilo que são os processos passados pelos respetivos treinadores melhores, mais fluídos e com os jogadores a identificarem muito mais facilmente aquilo que são os gatilhos de pressão, aquilo que é a forma como o adversário se está a projetar e a forma como nós conseguimos anular isso e a forma como tentamos naturalmente desmontar o adversário. Realmente fizemos uma volta, em 17 jogos fizemos 22 pontos. No ano civil de 2025 ainda não perdemos fora e queremos dar seguimento a isso. Perdemos apenas uma vez, temos muitos pontos conquistados e queremos continuar a conquistar pontos. Sabemos que vamos ter muitos adeptos do Arouca lá, que vai ter a nossa manchinha amarela com muito calor para nós, que também é importante. Sabemos que vamos ter um adversário difícil, com esse crescimento. Volto a reforçar também, porque acho que isso é importante e é mérito de quem está do outro lado de nos últimos dez jogos ser a equipa que mais pontos conquistou na liga. Portanto, vamos defrontar, provavelmente, o melhor adversário atualmente e queremos estar a 100%, altamente competitivos e sermos felizes no final."