Ao discursar na abertura da conferência dos 50 anos da HCB, o presidente do conselho de administração (PCA), Tomás Matola, avançou que a HCB pagou ao Estado moçambicano entre 2007 - após a reversão de Portugal para Moçambique - e 2024 cerca de 115 mil milhões de meticais (1.588 milhões de euros) em taxas de concessão e impostos.

"Só nos últimos dois anos, 2023 e 2024, a empresa entregou ao Estado cerca de 37 mil milhões de meticais [510 milhões de euros]", avançou o responsável.

No mesmo evento, ao debater o papel dos empreendimentos hidroelétricos no desenvolvimento da economia regional, o administrador financeiro da HCB, Ermínio Chiau, avançou que Moçambique encaixou com exportações da electricidade 431 milhões de dólares (379 milhões de euros) em 2024, ao comercializar para a sul-africana Eskom Hld SOC Ltd e para a zambiana Zesco.

"Em 2020, as vendas permitiram reembolso de 354 milhões de dólares [312 milhões de euros], o que em termos de peso de exportação no setor constituía 78% (...). Essas divisas ditam o reforço da balança de pagamento, a estabilidade cambial, bem assim como o aumento da capacidade de crédito para a economia", avançou Ermínio Chiau.

A HCB voltou a admitir desafios na produção e comercialização da electricidade face aos baixos níveis de precipitação, culminando com reduzidos níveis de armazenamento das águas, mas adiantou que se está a fazer os "melhores esforços" para garantir a produção.

"A nossa visão, nosso plano estratégico, é de atingir até 2034 uma produção de 4.000 MW, para tornar a HCB uma das maiores produtoras de energia em África", disse o PCA da HCB, Tomás Matola.

A produção de eletricidade em Moçambique deverá cair 1,3% em 2025 devido a trabalhos de manutenção na hidroelétrica, a maior produtora do país e uma das principais barragens em África, prevê o Governo.

Segundo dados oficiais do executivo consultados hoje pela Lusa, com estimativas para 2025, está previsto "um decréscimo na produção de eletricidade de cerca de 1,3%, influenciado pela necessidade de manutenção de geradores e a redução do ciclo hidrológico" na HCB, "que representa cerca de 78,7% na estrutura de produção e exportação".

Desta forma, Moçambique deverá produzir este ano 19.197,8 GigaWatt-hora (GWh) de energia elétrica, sendo 15.504,4 GWh garantidos pela HCB, na província de Tete, centro do país, neste caso uma redução de 4,1% face a 2024 e o valor mais baixo em quatro anos.

Globalmente, a produção de energia elétrica a partir de fontes hídricas, incluindo a barragem em Cahora Bassa, deverá recuar 4,1% este ano, enquanto a produção de energia elétrica pelas centrais térmicas deverá aumentar 17,6%, quase metade na central CTRG, a gás natural, que deverá garantir 1.196,3 GWh em 2025, mais 7,4% face a 2024.

A HCB é detida em 85% pela estatal Companhia Elétrica do Zambeze e pela portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN) em 7,5%, possuindo a empresa 3,5% de ações próprias, enquanto os restantes 4% estão nas mãos de cidadãos, empresas e instituições moçambicanas.

A albufeira de Cahora Bassa é a quarta maior de África, com uma extensão máxima de 270 quilómetros em comprimento e 30 quilómetros entre margens, ocupando 2.700 quilómetros quadrados e uma profundidade média de 26 metros, contando com quase 800 trabalhadores, sendo uma das maiores produtores de eletricidade na região austral africana, abastecendo os países vizinhos.

A barragem está instalada numa estreita garganta do rio Zambeze e a sua construção decorreu de 1969 a 01 de junho de 1974, durante o período colonial português, seguindo-se o enchimento da albufeira. A operação comercial teve início em 1977, com a transmissão dos primeiros 960 MW, produzidos por três geradores, face à atual capacidade instalada de 2.075 MW.

PME(PVJ)// JMC

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