Pedro Chagas Freitas foi alvo de ódio e ameaças e já reagiu por escrito através das redes sociais. “Escrevi sobre Trump. Sobre o narcisismo. Sobre a vacuidade. Chamei-lhe espelho. Foi o suficiente para incendiar caixas de comentários”, começou por dizer.

“Recebi ódio, ameaças, como se as palavras tivessem o peso de balas. Para eles, têm. Não querem argumentos, não querem debate. Querem trincheiras. Querem medo. O medo cala. É no silêncio que o ódio prolifera, como bolor num canto húmido”, continuou o escritor, e tudo pela publicação anterior que fez da Tomada de Posse de Donald Trump.

“O ódio é previsível”

“O problema não é Trump, nunca foi. Ele é o sintoma. A febre de um corpo que já estava doente. As caixas de comentários são o palco da cobardia. Cada anónimo é um gladiador, cada insulto é uma lança. Ali, vencem. Não é pela força das ideias; é pelo volume das ameaças. É a cultura do grito. Querem que desistamos. Que nos escondamos. Que o cansaço nos vença. Nada os assusta mais do que as palavras ditas em voz alta: sem desculpas. O ódio é previsível. Tem uma fórmula: medo, gritos, silêncio”, acrescentou.

Por fim, o escritor rematou: “A poesia não tem guião. É a faca que eles não conseguem ver. É o grito que não podem calar. É isso o que odeiam: as palavras são um acto de resistência. A guerra é longa. Não se vence com likes, com hashtags. O ódio também não vence. Até os mais amargos se rendem à beleza. A poesia é um vírus: infiltra-se nas brechas, resiste às trincheiras. Eles querem a guerra. Nós temos a palavra. A cultura do ódio não permanecerá. A cultura do amor sim. O amor não grita, não esmaga, não domina. O amor constrói. O amor fica”.

O regresso a casa do filho de Pedro Chagas Freitas

Texto: Maria Constança Castanheira; Fotos: Redes Sociais